Perfil dos infectados
Mulheres representam a maioria dos novos casos de Covid-19
Pelotenses entre 20 e 30 anos são os mais atingidos e vacinação já reflete nas internações
Carlos Queiroz -
Após quase dois anos desde o início da pandemia de Covid-19 - e um do começo da vacinação -, o perfil de infectados pelo vírus apresentou algumas mudanças. Atualmente, os registros apontam que mulheres entre 20 e 30 anos representam a maioria das contaminações. Já nos casos de internação, a maior incidência é de pessoas com 60 anos ou mais e que não tomaram nenhuma dose do imunizante. A falta de vacinação também interfere nas hospitalizações no município e profissionais reforçam a importância de tomar a vacina e de concluir o esquema vacinal.
De acordo com os dados do mês de outubro da Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Pelotas registrou 2.417 novos casos da doença ao longo do mês. Do total, 564 foram de pessoas com idades entre 20 e 30 anos, representando 23%. Já o grupo de pelotenses entre 40 e 59 anos representa 525 casos, 21,7% de incidência. Os adolescentes de 12 a 19 anos foram os que menos se contaminaram neste período, com 200 casos.
Os dados ainda mostram que as mulheres são as mais afetadas pela Covid em Pelotas, sendo 56% dos casos. Já as regiões que concentram o maior número de registros continuam sendo os bairros Fragata, com 24%, e Três Vendas, com 20%. Areal e Centro possuem 18% e 14%, dos casos, respectivamente. As demais localidades apresentaram índices menores que 10%.
Esquema vacinal incompleto
Muitos pelotenses ainda estão sem a segunda dose da vacina, essencial para a conclusão do esquema vacinal. Segundo os dados do painel de vacinação do governo do Estado (vacina.saude.rs.gov.br), até ontem a quantidade de pessoas com idades entre 20 e 39 anos com apenas a primeira dose (D1) é maior do que a com a imunização completa (D1 + D2). O gráfico mostra que entre 20 e 24 anos, 41% receberam D1 e D2. Já a quantidade que tomou somente D1 é maior, 86%.
No que diz respeito à faixa etária com a imunização completa, as pessoas entre 60 e 69 anos são as que mais buscaram a conclusão do esquema vacinal. No grupo de idades entre 60 e 64 anos, 91% receberam a primeira e a segunda dose. Já dos 65 aos 69 anos, o total sobe para 92%.
Dos infectados pelo vírus no último mês, 53% (ou 1.183 pelotenses) haviam recebido somente a primeira dose do imunizante e 27% (598 pessoas) estavam com o esquema vacinal completo. No entanto, 420 contaminados não tomaram nenhuma das vacinas disponíveis.
Imunização em números
De acordo com os dados divulgados ontem no Painel Covid-19, dos pelotenses com idade apta a receber o imunizante, 91,8% já tomaram a primeira dose e 72,1% completaram o esquema.
Segundo a Vigilância Epidemiológica, até esta quinta-feira, em Pelotas, 45.216 pessoas estavam com a segunda dose de alguma das vacinas contra a Covid-19 em atraso. No total, 22.616 receberam a D1 da Pfizer, 18.105 da AstraZeneca e 4.498 da CoronaVac.
Vacinação interfere nas internações
O cenário recente na Beneficência Portuguesa é de pacientes idosos ocupando a maioria dos leitos de internação. Sobre os novos registros, a médica coordenadora das Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) do hospital, Camila Martins, diz que ao longo da pandemia o perfil de infectados apresentou uma mudança. Primeiramente, os casos predominantes eram de pacientes idosos. Na segunda fase, a maioria era de adultos jovens. Atualmente, é percebido novamente uma tendência de internação de pessoas com mais idade, que possuem outras doenças, o que acaba as deixando mais frágeis.
Camila explica que, devido ao avanço da vacinação, a gravidade do vírus foi reduzida. "Nos últimos dois meses, houve uma queda no número de pacientes em ventilação mecânica e na demanda de leitos de UTI, inclusive não estávamos com a taxa de ocupação máxima. Porém, atualmente estamos percebendo um aumento, ainda que num ritmo menor", avaliou.
A médica também explica que a imunização reflete no perfil de internações. "Hoje temos visto pacientes internados não vacinados, mas também pacientes vacinados, principalmente com esquema vacinal incompleto ou completo há mais tempo. Isso é esperado, apesar da grande proteção conferida pela vacina, que faz com que tenhamos internações em menor quantidade e de menor gravidade".
Camila ainda reforça que o cenário é de incertezas e não descarta uma nova onda do vírus. Ela ressalta a necessidade da imunização e da manutenção dos cuidados. "A vacinação é importantíssima e indispensável, mas independentemente da idade e do esquema vacinal, usar máscaras e evitar aglomerações, além de ser uma ato de amor e cuidado consigo mesmo, é uma medida efetiva para que possamos escapar de uma nova onda. Estamos todos cansados, mas não é hora de relaxar", finaliza.
Quase metade das internações são de pessoas com 60 anos ou mais
É necessário tomar a segunda dose
Para o epidemiologista da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Pedro Hallal, os números mostram que a vacina está funcionando. "Se tu tens uma cidade em que mais de 70 ou 80% da população já tomou vacina e metade dos internados é de não vacinados, fica óbvio que os não vacinados têm um risco muito maior de internar e até de morrer, infelizmente. Então isso reforça muito a importância da vacinação", explica Hallal. Ele ainda salienta que a imunização precisa ser em duas doses, no caso das vacinas que são de D1 e D2. "A vacina da Covid foi desenhada como um quebra-cabeça, então a primeira parte só tem funcionamento ótimo quando está combinada com a segunda parte", finaliza o epidemiologista.
"Completar o esquema vacinal significa garantir maior proteção contra o vírus e reduzir as chances de um agravamento ou de internação, caso haja infecção", destaca a secretária de Saúde do município, Roberta Paganini. A titular da pasta ainda diz que, por esse motivo, o município antecipou as aplicações da Pfizer e da AstraZeneca, além de ter alterado a logística de vacinação, ofertando mais pontos e possibilitando que mais pessoas sejam atendidas.
Em relação aos motivos para os pelotenses não comparecerem para receber a segunda dose do imunizante, a secretária explica que pode ocorrer por diversos motivos, como, por exemplo, o esquecimento da data registrada.
Mais sete óbitos por Covid
Ontem a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) confirmou mais sete óbitos por Covid-19 em Pelotas. As mortes foram registradas entre os dias 28 de outubro e 3 de novembro e são referentes a cinco mulheres (com idades entre 68 e 91 anos) e dois homens (de 41 e 79 anos). De acordo com a Vigilância Epidemiológica, duas das vítimas receberam apenas uma dose da vacina, outras duas tinham esquema vacinal completo e três não possuíam qualquer registro de imunização. O número de vidas perdidas em decorrência do vírus em Pelotas chegou a 1.197.
A SMS também informou 148 novos casos da doença. Tratam-se de 92 mulheres e 56 homens, com idades entre dez meses e 85 anos. Desde o início da pandemia, já são 49.032 casos confirmados. Destes, 45.639 são considerados recuperados e 2.196 permanecem em isolamento. A Secretaria de Saúde ainda aguarda o resultado de 449 exames que estão em análise no Lacen/RS, na Unidade de Diagnóstico Molecular Covid-19 HE/UFPel e, também, em análise pelo programa Testar RS.
Até o começo da tarde de ontem, 66 pacientes (55,9%) estavam hospitalizados. Desse total, 26 estavam em leitos de UTI, o que representa 78,8% da capacidade.
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